Estudos sobre a implantodontia brasileira apresentados em Estocolmo

A Equipe da DSP Connect entrevistou o Dr. Wirley Gonçalves Assunção, professor do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP – Campus Araçatuba, Wirley Gonçalves Assunção esteve recentemente em Estocolmo, no congresso da Academia Européia de Osseointegração (EAO Congress), maior e mais importante evento científico da Implantodontia no continente europeu. No encontro, o doutor em Odontologia apresentou a pesquisa “Resistência à fratura e análise de tensões em diferentes conexões pilar/implante”. Nessa entrevista para a revista científica da DSP Biomedical, o especialista em Prótese Dentária fala sobre a repercussão do congresso e a importância das discussões para a implantodontia.

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Revista DSP – Qual foi o estudo que o dr. apresentou em Estocolmo, em evento de odontologia internacional? O dr. poderia resumir objetivos, resultados e benefícios?

Dr. Wirley – O estudo apresentado em Estocolmo foi a pesquisa “Resistência à fratura e análise de tensões em diferentes conexões pilar/implante”. As conexões pilar-implante são responsáveis pelo comportamento mecânico do sistema, influenciam nas respostas biológicas dos tecidos periimplantares e na longevidade do tratamento com implantes dentários. Com o intuito de contribuir com o conhecimento científico e com informações aos cirurgiões-dentistas clínicos acerca da resistência, distribuição e concentração de tensões em diferentes conexões pilar/implantes dentários, com e sem a interposição de pilares intermediários, investigou-se a resistência à fratura e a distribuição de tensões em diferentes conexões internas pilar/implante, com ou sem a interposição de pilar intermediário (abutment).
Nesse sentido, foram utilizados implantes de 4.0 mm de diâmetro (DSP Biomedical®) divididos em 11 grupos, de acordo com sua conexão protética e com o uso ou não de pilar intermediário (UCLA ou mini-pilares), sendo: cone morse (CM), cone morse hexagonal (CMH), cone morse hexagonal micro-rosca (CMHM), hexágono interno (HI), hexágono interno morse (HIM) e hexágono externo (HE) que foi eleito grupo controle. Estes implantes receberam seus respectivos pilares e foram submetidos a teste de resistência à fratura, seguindo os parâmetros da norma ISO para essa finalidade. Os ensaios mecânicos foram realizados em uma máquina de ensaio universal-EMIC® e os dados obtidos foram submetidos ao teste estatístico PLSD Fisher (p<0,05). A análise de tensões foi realizada por meio do método de elementos finitos tridimensional (MEF-3D) utilizando-se o software Solid Works – Simulation®.

Comparando os implantes montados com pilares UCLA os valores médios obtidos, de forma decrescente, foram CMH (1043 N), HIM (991 N), HI (962 N), HE (952 N), CM (885 N), CMHM (881N), hauvendo diferença estatística (p<0,05) entre os grupos CM, CMH e CMHM para o grupo controle. Com a interposição do mini-pilar os valores de resistência a fratura foram HI (1138N), HIM (1023N), HE (961N), CM (893N), CMH (810N), sendo verificada diferença estatística (p<0,05) entre todos os grupos. Na comparação entre diferentes conexões em função do uso ou não de pilar intermediário, houve diferença estatística significante (p<0,05) nos grupos HI e CMH. A análise de tensões evidenciou sua concentração na região de fulcro dos conjuntos em todos os grupos, porém com importantes diferenças de extensão e magnitude entre os mesmos, tanto no que se refere aos implantes como aos parafusos de retenção dos pilares.
Dessa forma, importantes diferenças na resistência a fratura e na concentração de tensões foram observadas entre as conexões avaliadas. A utilização de pilar intermediário aumentou a resistência à fratura na conexão HI e diminuiu na CMH, enquanto que nas conexões CM, HIM e HE sua presença não foi significativa.

O congresso da Academia Européia de Osseointegração (EAO Congress) é o maior e mais importante evento científico da Implantodontia no continente europeu, berço da Osseointegração.

Revista DSP – Como foi a repercussão nas diversas áreas da odontologia participantes do evento?

Dr. Wirley – O congresso da Academia Européia de Osseointegração (EAO Congress) é o maior e mais importante evento científico da Implantodontia no continente europeu, berço da Osseointegração. De periodicidade anual, é realizado em diferentes cidades desse continente a cada ano. Em 2015 foi realizado na cidade de Estocolmo (Suécia), berço da osseointegração, tendo mais de 4 mil participantes, incluindo os principais nomes da implantodontia mundial, onde foram apresentados resultados de mais de 500 pesquisas científicas, assim como o estabelecimento de consensos e referências sobre aspectos relativos a própria osseointegração, regeneração tecidual e próteses implantossuportadas, impactando direta e decisivamente as áreas de Implantodontia, Periodontia e Prótese Dentária.

Revista DSP – Quais os benefícios e avanços tecnológicos que as pesquisas científicas e clínicas trouxeram, até agora, para a área?

Dr. Wirley – O conhecimento e domínio das possibilidades implantodônticas revolucionou e tornou-se fundamental nos planejamentos das reabilitações orais.

Revista DSP – Como o dr. analisa a evolução das pesquisas científicas e clínicas na área da odontologia no país?

Dr. Wirley – A quase totalidade das pesquisas científicas na Odontologia em nosso país são executadas nas universidades, sendo as agências públicas de fomento como CNPq, Fapesp e demais agências estaduais os principais financiadores dessas pesquisas. Nesse sentido, as empresas do setor também têm papel fundamental no desenvolvimento dessas pesquisas, por meio de parcerias com as Universidades ou diretamente com pesquisadores.