Estudos e investigações científicas fomentam avanços na área de implantologia

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Carlos Eduardo Francischone é professor titular do Departamento de Dentística da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, professor e coordenador dos cursos de Doutorado e de Mestrado em Implantologia – SLMandic, Carlos Eduardo Francischone possui 12 livros publicados na área de implantologia e nove em dentística. Para ele, as investigações e publicações de pesquisas realizadas pelas diferentes áreas especializadas da Odontologia no Brasil são reconhecidas, respeitadas e das mais qualificadas mundialmente. Em entrevista à revista científica da DSP Biomedical, o professor Francischone fala sobre sua atuação como orientador de trabalhos científicos e aborda o papel da universidade e de centros de pesquisa na formação do profissional que atua no segmento da implantodontia.

DSP Connect – Como avalia as pesquisas científicas no Brasil direcionadas à área da Odontologia, principalmente na implantodontia?

Professor Francischone – As investigações e publicações de pesquisas realizadas pelas diferentes áreas especializadas da Odontologia são reconhecidas, respeitadas e das mais qualificadas mundialmente. Diga-se de passagem que muitos pesquisadores brasileiros são contratados e desenvolvem pesquisas e tecnologias nas melhores universidades estrangeiras. Isto também está acontecendo com a implantologia, que é uma ciência ou especialidade relativamente nova. Neste ano comemora-se 50 anos da descoberta da osseointegração, porém estamos avançando muito no campo da investigação científica e clínica.

DSP Connect – O senhor tem sido orientador de inúmeros trabalhos científicos. Poderia avaliar essa produção e sua aplicabilidade na área?

Professor Francischone – Nós iniciamos a orientação de pesquisas científicas por volta de 1975, nos programas de mestrado e doutorado em dentística, na Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo, juntamente com o professor José Mondelli, um dos ícones da Odontologia brasileira.
A partir de 1997 também iniciamos as orientações nas áreas de Mestrado e Doutorado em Implantologia na Universidade Sagrado Coração e atualmente na Faculdade São Leopoldo Mandic. De tal sorte que, atualmente, dentre 200 publicações nossas, nacionais e internacionais, muitas delas são frutos de mais de 80 de nossas orientações de teses de doutorado e mestrado.
Temos procurado direcionar as pesquisas para que haja aplicação direta dentro dos procedimentos cirúrgicos e protéticos na área da Implantologia, da Prótese Convencional e da Prótese sobre Implantes.

É fundamental que as instituições de ensino preparem de forma adequada os profissionais para ter atuações clínicas de qualidade no atendimento dos pacientes.

DSP Connect – Qual o papel da Universidade e centros de pesquisa na formação do profissional que atua nessa área?

Professor Francischone – Há aproximadamente 20 anos, implementou-se o ensino e pesquisa da implantologia nos programas de graduação e pós-graduação em poucas Universidades no Brasil, sendo que nos dias atuais ainda não existe a totalidade delas ensinando e pesquisando na área da implantologia.
É fundamental que as instituições de ensino preparem de forma adequada os profissionais para ter atuações clínicas de qualidade no atendimento dos pacientes.
Falta ainda um maior número de parcerias entre as empresas que fabricam implantes com as universidades; estas devem ser mais receptivas no intuito de desenvolver patentes, tecnologias e pesquisas avançadas.
Além disso, as próprias indústrias poderão investir e criar seus Departamentos Científicos, que deverão ser bem estruturados e qualificados.

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Falta ainda um maior número de parcerias entre as empresas que fabricam implantes com as universidades; estas devem ser mais receptivas no intuito de desenvolver patentes, tecnologias e pesquisas avançadas.

DSP Connect – Há necessidade de mais profissionais se dedicando à pesquisa na área?

Professor Francischone – A área de pesquisa está sempre aberta para novas investigações e o espaço é ilimitado.
Essas investigações podem ter suporte de órgãos de fomento, como por exemplo a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e outras, por meio da concessão de bolsas de estudo, verbas para aquisição de equipamentos e materiais para pesquisa, como também verbas destinadas aos pesquisadores para apresentar suas pesquisas em congressos nacionais e internacionais.
A demanda de pessoas interessadas em pesquisar ainda não atingiu a totalidade em relação aos recursos disponíveis para o desenvolvimento de novas investigações.

DSP Connect – Como a área clínica recebe essas pesquisas?

Professor Francischone – Os profissionais da área clínica devem e recebem informações de pesquisas pelas publicações em revistas sérias e indexadas ou ainda pelos meios de comunicação on-line.
Os pesquisadores devem sempre tornar acessíveis os resultados e conclusões de suas pesquisas, de forma simples e prática, como forma de contribuir para que os profissionais tirem proveito desses dados importantes para aperfeiçoar a sua prática clínica.

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