O grande desafio da Odontologia ao longo do tempo tem sido o de restituir ao paciente mutilado oral a função, a fonética, o conforto e a saúde do sistema estomatognático. Na Odontologia tradicional, quanto mais edêntulo for o paciente, mais difícil será alcançar plenamente esse objetivo. A implantologia, a partir da técnica de osseointegração, veio suprir essa lacuna na Odontologia, tornando-se uma alternativa terapêutica importante nas últimas décadas.
O objetivo do tratamento restaurador, através de implantes osseointegráveis, é o de preservar a integridade das estruturas nobres intrabucais além de recuperar a estética e a funcionalidade do sistema estomatognático de acordo com a satisfação objetiva e subjetiva do paciente tratado. Esses objetivos só poderão ser alcançados através de um planejamento multidisciplinar antes da colocação do implante, ou seja, existe a necessidade de se ampliar a visão téc- nica, vislumbrando o resultado final do tratamento reabilitador através de um planejamento prévio. Da mesma forma, a apresentação da proposta de tratamento ao paciente também proporcionará a este o bem-estar psicológico (NEVES et al., 2006).
As expectativas do paciente quanto aos seus anseios e reais necessidades devem ser dimensionadas pelo profissional, informando as alternativas de tratamento que poderão ser realizadas e a importância da sua proservação. Dentro deste contexto, não seria descabido afirmar que, embora a implantodontia seja estabelecida como a “ terceira dentição”, os pacientes que são submetidos atualmente a este tipo de tratamento ainda necessitam da conscientização quanto à sua preservação, que envolve os cuidados diários de higiene oral e visitas periódicas ao profissional.
Dentro do planejamento, em primeira análise, deverá ser verificada a disposição biológica do caso, seja de ordem geral ou localizada como também as de ordem social e econômica que deverão ser consideradas e correlacionadas. O paciente a ser submetido a implante dentário deverá ser submetido à avaliação médica, avaliação odontológica através do exame clínico, exame radiográfico (periapical, panorâmico, oclusal, lateral (perfil), tomografia computadorizada), modelo de estudo (montado em articulador), documentação fotográfica. Diante de um paciente edêntulo, o profissional deve preocupar-se também com os problemas psicológicos que a perda dental ocasionou ao paciente.
Moy et.al., (2005), avaliando pacientes tratados com implantes de janeiro de 1982 a janeiro de 2003, no que concerne aos fatores de risco associados aos implantes, detectaram que a idade avançada foi considerada como fator de risco importante como também fumantes, diabéticos, irradiados de cabeça e pescoço e pacientes submetidos a terapias a base de estrógeno pós-menopausa. Contudo, verificaram que nesse grupo de pacientes, a falha de implantes foi baixa, não havendo uma contra-indicação absoluta para a colocação de implantes, no entanto, deverá ser informado ao paciente no plano de tratamento o fator de risco existente para o devido consentimento. Deste modo pacientes, portadores de enfermidades, como osteoporose, diabetes, discrasias sangüíneas e idade avançada não são contra-indicações absolutas, e, sim, relativas, pois todas elas no que diz respeito ao esta- do de saúde geral são passíveis de melhora, enquanto que o fator idade hoje é visto no seu aspecto biológico e não mais, como outrora, no seu aspecto cronológico. Isto quer dizer que em um indivíduo, go- zando de uma boa condição física, embora com idade cronológica avançada, é perfeitamente viável a colocação de implantes. Já os fatores de ordem locais, que serão observados no exame intra e extra oral associados à análise de modelos diagnósticos e exames radiográficos proporcionarão ao profissional definir o plano de tratamento ideal para o caso.
O sucesso da implantodontia na atualidade há muito deixou de ser, apenas, a manutenção dos implantes no arco dentário, mas, sim, todo um funcionamento harmônico do elemento artificial que inclui obviamente a dinâmica oclusal, uma estética coerente e conforto ao paciente. Não é menos verdade que a interação multidisciplinar num tratamento reabilitador tão abrangente como é, através de implantes, merece uma atuação efetiva e bem embasada, seguindo, portanto o mapa do planejamento antecipadamente programado.

Aconteceu na cidade de Criciuma, Santa Catarina, no dia 19 de Agosto de 2106 mais um Hands On da DSP Biomedical. A palestra ministrada pelo Prof. Msc Ricardo Toscano abordou o tema “Implantodontia de alta performance”. Registramos a presença de coordenadores de curso, professores e profissionais da área odontológica.
REFERÊNCIAS
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.6, n.4, p. 17 – 22, outubro/dezembro 2006
ASKARI, A. A multiciplinary approach to enhance implant esthetics: case report. Implant Dent, Baltimore, v.12, n.1, p.18-23, 2003.
BRUGNAMI; CALEFFI. Prosthetically driven implant placement.How to achieve the appropriate implant site development.Keio J Med, Tokio, v.54, n.4, p.172-8, dec 2005.
CEHRELL, M.C.; CALIS, A. C.; SAHIN, S. A dual- purpose guide for optimum placement of dental implants. J.Prosthet Dent. Philadelphia, v.88, n.6, p.640 – 3, dec 2002.
CHOI, M., ROMBER, G. E., DRISCO, C.F. Effects of varied dimensions of surgical guides on implant angulations. J.Prosthet Dent. Philadelphia, v.92, n.5, p.463 – 9, nov. 2004.
DI SARIO, F. A system for the diagnosis, placement, and prosthetic restoration of root form implants. J 21 CARVALHO et al. Prosthodont. Philadelphia, v.12, n.1, p.2- 7, mar 2003.
FORTIN et al. Precision of transfer of preoperative planning for oral implants based on cone-beam CT- scan images through a robotic drilling machine. Clin Oral Implants Res. Copenhagen, v.13, n.6, p.651- 6, dec 2002.
HENRY, P. J. A review of guidelines for implant rehabilitation of the edentulous maxilla. J.Prosthet Dent., Philadelphia, v.87, n.3, p.281-8, mar,2002.
IPLIKCIOGLU, H.; AKCA, K.; CEHRELI, M.C. The use of computerized tomography for diagnosis and treatment planning in implant dentistry. J Oral Implantol.,Hewlwt, v.28, n.1, p.29-36, 2002.
KOYANAGI, K. Development and clinical application of a surgical guide for optimal implant placement J.Prosthet Dent., Philadelphia, v.88, n.5, p.548-52, nov 2002.
KOKICH, V. G. Maxillary Lateral incisor implants: planning with the aid of orthodontics. J Oral Maxillofac Surg., Philadelphia, v.62, n.9, suppl. 2, p.48-56, sep. 2004.
LEE, C. K.; AGAR JR.Surgical and prosthetic planning for a two-implant-retained mandibular overdenture : a clinical report. J.Prosthet Dent., Philadelphia, v.95, n.2, p.102-5, feb.2006.
MOY, P.K. et al. Dental implant failure rates and associated risk factores. Int J Oral Maxillofac. Implants., Philadelphia, v.20, n4, p.569 – 77, jul./ aug 2005.
PRAMONO, C.Surgical technique for achieving implant parallelism and measurement of the discrepancy in panoramic radiograph. J Oral Maxillofac Surg.,Philadelphia, v.64, n.5, p.799-803, may 2006.
SADAM, A. et al. Single implant restorations: a contemporary approach for achieving a predictable outcome. J Oral Maxillofac Surg., Philadelphia, v.62, n.9, suppl. 2, p.73 – 81, sep. 2004.
SALINAS, T.J.; BLOCK, M.S.; SADAM, A. Fixed partial denture or single-tooth implant restoration? Statistical considerations for sequencing and treatment. J Oral Maxillofac Surg., Philadelphia, v.62, n.9, suppl. 2, p.2 – 16, sep 2004.
SALINAS, T.J. et al. Treatment planning for multiunit restorations – the use of diagnostic planning to predict implant and esthetic results in patients with congenitally missing teeth. J Oral Maxillofac Surg. Philadelphia, v.63, n.9, suppl 2, p.45-58, sep 2005.
WAGENBERG, B.; FRONM, S.J. A retrospective study of 1925 consecutively placed immediate implants from 1988 to 2004. Int J Oral Maxillofac. Implants., Lombard, v.21, n.1, p.71 – 80, jan./feb. 2006.
WOLCOTT J ; MEYER, S. J. Endodontic re-treatment or implants: a contemporary conundrum. Compend Contin Educ Dent., Jamesburg, v.27, n.2,:p.104- 10, p.111-2, feb 2006.