Densificação Óssea – Relato De Caso Clínico

Desenvolvido por: Prof. Msc. Ricardo Toscano e Prof. Msc. Ricardo Denardi

Densificação óssea é uma técnica cirúrgica que permite uma compactação óssea durante a instrumentação. A diminuição dos espaços medulares permite um aumento da densidade óssea na região e um consequente aumento da estabilidade primária nos implantes a serem instalados.

A técnica de densificação óssea baseia-se na instrumentação escalonado dos densificadores ósseos os quais promovem uma compactação ao invés de subtração óssea durante a instrumentação. Pela técnica da densificação óssea observa-se um controlado auto transplante ósseo ao longo da parede da osteotomia, diminuindo os espaços medulares e criando um ambiente favorável para uma ideal estabilidade primária do implante dentário.  O desenho da broca permite uma inversão entre o cinzel de corte e a haste afilada realizando compactação óssea ao invés de subtração. As brocas densificadoras ósseas quando acionadas no sentido horário apresentam a propriedade de densificação óssea. Quando os densificadores ósseos são acionadas em altas velocidades no sentido anti-horário observa-se o corte e a subtração óssea durante a instrumentação. A densificação óssea, no sentido horário, é indicada para tecido ósseo de baixa qualidade promovendo a compactação óssea residual e favorecendo o aumentando a estabilidade primária. Evidências cientificas mostram que a densificação óssea pode acelerar o processo de remodelaração óssea.

Paciente do gênero feminino, portadora de disfunção cardíaca controlada (ASA II), 40 anos, apresentou-se em clínica odontológica com queixa principal da ausência do elemento dental 24 (FDI). Após anamnese, exame clínico e tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT) observa-se, pelos cortes transversais, uma altura e largura óssea que permitia a instalação do implante dentário na região. Em análise tomográfica observou-se um remanescente ósseo acentuadamente radiolúcido sugestivo de baixa qualidade óssea (Figura 1). Após apresentação dos planos de tratamentos optou-se pela instalação de implante dentário através da técnica de densificação óssea.

Previamente ao procedimento cirúrgico, aproximadamente 60 (sessenta minutos) antes, foi adotado um protocolo medicamentoso de 4 (quatro) cápsulas de amoxicilina 500mg, 1 (um) comprimido de diazepan 10mg e 1 (um) comprimido de dexametasona 4mg. Na região do elemento dental condenado 24 (FDI) foi utilizada a técnica anestésica infiltrativa em fundo de vestíbulo com complementação na palatina utilizando anestésico injetável local à base de cloridrato de articaína com epinefrina 1:100.000 (DFL, Rio de Janeiro, RJ, Brasil). Após incisão intrasulcular nos dentes adjacentes e supracrestal na região edêntula seguida do descolamento total observou-se a região a ser operada. Inicialmente foi realizada a instrumentação com a broca 2.0mm a 800rpm até a profundidade de 13,5mm. Após instrumentação pino de orientação foi instalado na cavidade da osteotomia para evidenciação do posicionamento tridimensional do futuro implante (Figura 3). Após instrumentação da broca de 2.0mm, também no sentido horário, com rotação de 800 rpm foi iniciada a densificação óssea com o densificador de Ø 3.3mm (Densificador Ósseo Cilíndrico, DSP Biomedical, Campo Largo, PR, Brasil) (Figura 5).  Na sequência, com o mesmo sentido e rotação foi utilizado o densificador ósseo cilíndrico de Ø3.5mm com profundidade de 13,5mm. Após compactação e finalização do leito ósseo implante Cone Morse Indexado 3,5×11,5mm (CMI Biofit, DSP Biomedical, Campo Largo, PR, Brasil) foi instalado na região (Figura 6).  A região foi suturada e o implante deixado submerso. Após 4 meses, no mesmo momento da reabertura foi planejado a aposição de enxerto conjuntivo subepitelial para melhorar a depressão na face vestibular do tecido existente assim como sua integridade peri-implantar. Enxerto de tecido conjuntivo foi removido na região palatina e suturado na face vestibular do renascente ósseo. Após 60 dias observa-se a recuperação da conformação do arco pelo aumento do volume de tecido mole (Figura 7). Intermediário mini flexcone e coroa provisório sobre implante são instalados para condicionamento gengival. Após condicionamento observa-se a higidez do tecido mole (Figuras 8 e 9). A coroa metalocerâmica é instalada sobre implante dentário (Figura 10). No acompanhamento radiográfico de 6 meses pós-operatório observa-se a estabilidade óssea na reabilitação implanto-suportada (Figura 11).

Figura 1 – Cortes transversais da CBCT pré-operatória

Figura 2 – Aspecto clínico pré-operatório

Figura 3– Instrumentação com a Broca 2.0mm

Figura 4 – Pino paralelizador instalado após instrumentação com a broca 2mm

Figura 5 – Instrumentação com o densificador ósseo 3.3mm

Figura 6 – Implante Biofit 3,5×11,5mm instalado

Figura 7 – Vista oclusal após reabertura e enxerto de conjuntivo subepitelial

Figura 8 – Instalação de intermediário mini flexcone e condicionamento gengival com coroa provisória

Figura 9 – Integridade tecidual após condicionamento gengival

Figura 10 – Coroa metalocerâmica instalada

Figura 11 – Controle Radiográfico

Referências

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